Stablecoins Algorítmicas vs. Lastreadas: Riscos, Modelos e Como Impactam Usuários Brasileiros

9/6/20253 min read

As stablecoins são criptomoedas projetadas para manter paridade com ativos estáveis, como o dólar americano (USD). Elas desempenham papel central em transações digitais, remessas internacionais e operações em DeFi (finanças descentralizadas).

No entanto, nem todas as stablecoins são iguais. Algumas são lastreadas por reservas reais (fiat, títulos, criptoativos) e outras são algorítmicas, que usam regras matemáticas e incentivos de mercado para manter o preço estável. Para o usuário brasileiro, entender essa diferença é essencial — tanto para evitar riscos quanto para aproveitar oportunidades.

O que são stablecoins lastreadas?

Stablecoins lastreadas (ou colateralizadas) são garantidas por ativos mantidos em reserva:

  • USDT (Tether): lastreado em reservas de caixa, títulos e outros ativos.

  • USDC (Circle): auditado periodicamente, com reservas em dólares e treasuries de curto prazo.

Prós:

  • Maior previsibilidade e adoção global.

  • Facilidade para saques em exchanges.

Contras:

  • Dependência da confiança no emissor e transparência das reservas.

  • Exposição a riscos regulatórios (EUA, Europa).

Exemplo: enviar R$ 1.000 em USDC do exterior ao Brasil custa poucos reais em taxa de rede, contra R$ 60–100 via banco.

O que são stablecoins algorítmicas?

As algorítmicas usam contratos inteligentes e incentivos de mercado para manter a paridade. Elas não têm reservas diretas em dólares.

O caso mais famoso é o TerraUSD (UST), que colapsou em maio de 2022. Seu funcionamento dependia de arbitragem com o token LUNA: quando o UST caía de US$ 1, era possível queimar LUNA para restaurar a paridade. Quando a confiança desapareceu, a espiral da morte levou bilhões em perdas.

Prós:

  • Menor dependência de reservas centralizadas.

  • Modelo inovador de descentralização.

Contras:

  • Vulnerabilidade a choques de mercado.

  • Falta de auditoria e garantias tangíveis.

O modelo híbrido: DAI (MakerDAO)

O DAI, emitido pela MakerDAO, combina mecanismos algorítmicos e colateralização. Ele é lastreado principalmente em ETH, USDC e outros criptoativos, mantidos em cofres digitais.

  • Para emitir DAI, o usuário deposita ativos (ex.: ETH de R$ 2.000) como colateral.

  • O sistema garante sobrecolateralização, exigindo mais valor depositado do que o emitido.

Esse modelo busca estabilidade sem depender apenas de reservas bancárias. Ainda assim, sofre com risco de liquidação em caso de queda brusca do ETH.

Como impactam usuários brasileiros

Vantagens

  • Acesso ao dólar digital: proteção parcial contra a volatilidade do real (R$).

  • Remessas baratas: enviar R$ 1.000 em USDT pode custar menos de R$ 5 em taxas.

  • DeFi: acesso a protocolos globais sem necessidade de conta internacional.

Riscos

  • Regulação incerta: o Banco Central do Brasil estuda regras para stablecoins.

  • Tributação: Receita Federal exige declaração de operações acima de R$ 35 mil/mês.

  • Segurança: risco de usar carteiras/exchanges sem compliance.

Prós e Contras para brasileiros

Prós:

  • Diversificação cambial (exposição ao dólar).

  • Transferências rápidas e baratas.

  • Integração com plataformas DeFi.

Contras:

  • Risco de colapso em modelos algorítmicos.

  • Dependência da confiança em emissores centralizados.

  • Complexidade para iniciantes.

Conclusão

Para o investidor brasileiro, stablecoins podem ser uma ferramenta poderosa de proteção e eficiência. As lastreadas oferecem maior estabilidade, enquanto as algorítmicas ainda carecem de confiança, especialmente após o caso UST. O modelo híbrido (DAI) mostra-se mais equilibrado, mas exige compreensão técnica.

O mais importante: stablecoins não são livres de risco. Cada escolha deve ser avaliada com cautela, levando em conta segurança, regulação e transparência.

Referências

  • Receita Federal – Criptoativos

  • MakerDAO Docs

  • Circle USDC Transparency

  • Tether Transparency

  • Relatório Banco Mundial – Remittance Prices Worldwide

⚠️ Disclaimer

Aviso: Este conteúdo é educacional e não constitui recomendação de investimento, tributária ou jurídica. Criptoativos são voláteis e envolvem riscos de perda total. Sempre faça sua própria análise (DYOR) e considere apoio profissional. Regras fiscais podem mudar; verifique a legislação brasileira vigente.